sexta-feira, 5 de maio de 2017


Aniversário - do latim anniversarius, que quer dizer “o que volta anualmente”.



Á 37 anos atrás numa segunda-feira as 06:00hrs da manhã, após insistência minha e resistência da minha mãe e do médico obstetra eu vinha ao mundo, isso mesmo, resistência da minha mãe, afinal ela estava de 35 semanas, ou seja, não estava na hora de eu vir ao mundo ainda né? Mas quem disse que eu perguntei a alguém se era hora certa? rs Era para eu ser de Gêmeos, mas eu queria mesmo era ser de Touro, teimosa, impaciente me definiram naquele momento, mas tanta coisa mudou, afinal já se passaram (ufa) 37 anos!!!
Aos 30 anos data temida por muitas mulheres, eu me perguntei pq para mim não estava fazendo tal efeito? era apenas 30 anos, me sentia com 26 então não me importei, porém aos 33 anos algo que não sei explicar começou a me dar temor, não era somente as rugas, era algo que até hoje ainda não consigo explicar em palavras, então desde essa idade os aniversários tem sido uma data para celebrar a vida sim, mas mais que isso tem sido uma data para reflexão. Comecei a refletir (não é coisa de louco, ou talvez seja sei lá) sobre o que me faz feliz, sobre como a opinião dos outros em um momento me importa tanto e no outro não vale nada, sobre os laços que fiz até hoje, sobre a essência do amor, minha com os outros e dos outros para comigo e tantas outras reflexões que neste dia ficam tão latentes. 
Reflito por exemplo que conhecem de mim apenas aquilo que eu me proponho a mostrar e não o que sou realmente, que nunca fui forte e corajosa, mas fui obrigada a ser. Constatei que nunca, isso mesmo, nunca consegui falar pra ninguém as minhas verdadeiras angustias e pode ser daí que nasceu a depressão que trato a tantos anos. Que os caminhos que segui na vida me levou a me afastar da minha familia que sinto saudades todos os dias. Reflito como que mesmo eu me constatando feliz, ainda assim as vezes sinto solidão, solidão por causa da saudades dos que estão longe ou de quem já partiu. Constatei que tenho amigos verdadeiros que se pode contar apenas em uma mão e ainda sobram dedo(S) e que eles me fazem muita mas muita falta. Reflito sobre minhas escolhas, sobre meu presente e sobre meu futuro, mas agradeço a Deus também por ter chego até aqui, com algumas cicatrizes sim, mas com muito orgulho por tudo que vivi e com esperança por tudo que ainda vou viver, afinal espero fazer muitos outros aniversários.

Aproveito para agradecer as todos a todos mesmo, pela lembrança, pelo carinho, pela emanação de energias positivas e amor que transmitiram em cada mensagem, do mais simples parabéns a mais elaborada congratulação.Que Deus em sua infinita bondade possa derramar sobre a vida de todos paz, amor e felicidades.

E enfim agradecer a Deus pela vida que mesmo as vezes sendo levada aos trancos e barrancos dou graças por ser assim, pelo companheiro maravilhoso que o Senhor me permitiu conhecer, pelos meus pais que são os anjos da minha vida, desde o dia que nasci, pelas irmãs que mesmo havendo picuinhas de vez em quando (kkkk) as amo muito e aproveito para pedir desculpas se quase não falo isso, pelos cunhados que desde de sempre são como meus irmãos, os que não tive (pq só tenho
irmãs né? kkk), pelos sobrinhos, meu sonho que minhas irmãs tornaram realidade e dizer a eles que a tia senti muito por não ser presente como a tia gostaria de ser e deve ser, mas que o amor que sinto é tão grande que chega a ser imensurável, e a toda familia que mesmo as vezes não parecendo eu sinto saudades, muitas saudades, agradecer aos amigos que tenho e dizer que vocês estarão em meu coração onde quer que eu esteja, aos colegas e conhecidos obrigada por fazerem parte da minha
vida de alguma forma.

A todos desejo Paz e Luz!

Lili.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

 

A modinha é falar sobre Depressão

 

 
     Este tema recorrentemente está estampado na mídia, redes sociais e em estudos, porém eu me pergunto se realmente quem o aborda sabe do que está falando. Falar, falar e falar, ainda não me parece que faz com as pessoas entendam verdadeiramente o que sente um ser humano com depressão! Uma prisão dentro de um corpo! Uma loucura sã, pois você continua a viver em sociedade! Um preconceito velado! Uma interrogação e uma desconfiança na cara do outro! Alguns definem como um "jeito de chamar a atenção" ou de "justificar sua antipatia" (sempre foi antipático)! Ahhhh! mas a luta travada dentro de um depressivo, só um depressivo sabe como é enfrentá-la todos os dias!
     Infelizmente a maioria dos depressivos tem outras doenças associadas, como síndrome do pânico, Transtorno Obsessivo Compulsivo (T.O.C), fobias, transtornos de ansiedade e alimentares e do sono, entre outras, que em sua maioria escondem por sentirem vergonha.
     Engana-se quem acha que o tratamento da depressão é simplesmente ir ao psiquiatra tomar um antidepressivo ou fazer uma terapia (e esta segunda opção vamos combinar, a grande parcela do povo não tem condições de arcar). A primeira etapa é achar um remédio que você se adapte, não adianta ir tomando Fluoxetina e Rivotril porque sua vizinha toma a anos, porque com você não vai ser igual, cada organismo vai responder diferente a um medicamente e uma dosagem. A segunda etapa é achar um médico (principalmente se for na rede pública) que tenha paciência de fazer testes com os remédios e dosagens melhores para você, isso leva meses, as vezes anos, e para mim o pior de enfrentar tudo isso é sempre tendo que enfrentar o palpite de fulano e beltrano que conhece alguém que já passou por isso e sabe tudo de depressão, desculpe mas é um saco!
    Palpitar na doença dos outros é ridículo por mais que você queira ajudar, deixe que o médico que estudou para isso faça o trabalho dele, o que o depressivo precisa é de compreensão, coisa que poucos tem! Por isso se quer ajudar alguém que conhece que tenha depressão basta não julgar já está de bom tamanho, vai ser uma grande ajuda!!!
 
Pelo menos é o que eu como depressiva acho!
 
Fiquem na paz!
 
 
Lili.
 
 


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015


BANDOLINS
(Oswaldo Montenegro)

Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos bandolins

E como não,
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim?
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim

Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim

E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim

Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos bandolins...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015


EM LINHA RETA

(Fernando Pessoa)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

quinta-feira, 17 de março de 2011

"SIGAM-ME OS BONS": O que é, como é feito e que acontece depois da END...

"SIGAM-ME OS BONS": O que é, como é feito e que acontece depois da END...: "O que é? Endoscopia Digestiva consiste num método de investigação de doenças do esôfago, estomago e intestinos através de tubos flexíveis ..."

O que é, como é feito e que acontece depois da ENDOSCOPIA

O que é?

Endoscopia Digestiva consiste num método de investigação de doenças do esôfago, estomago e intestinos através de tubos flexíveis introduzidos pela cavidade oral ou anal. A primeira chama-se endoscopia digestiva alta e a segunda, colonoscopia. Esses instrumentos permitem visualizar a mucosa (revestimento interno) do tubo digestivo, e realizar detalhada avaliação, assim como coletar material ou mesmo realizar pequenas cirurgias.



Inicialmente, examina-se o órgão como um todo, para verificar se há alguma alteração em seu revestimento. Na prevenção do câncer, é método bem estabelecido, especialmente do câncer de estômago, esôfago e intestino grosso. Pequenas lesões, assim como lesões superficiais podem ser removidas durante o procedimento endoscópico, evitando-se desta forma cirurgia convencional. A endoscopia, como um todo, evoluiu muito nas últimas décadas. Pode-se, também, examinar as vias biliares e pancreáticas.

Como se realiza?



Existe um receio dos pacientes quando lhes é solicitado endoscopia, porque a palavra endoscopia está associada a algo que vai nos impedir de respirar, ao mesmo tempo em que algo entrará em nosso organismo. Na realidade os procedimentos endoscópicos nos dias de hoje são indolores. Tanto a endoscopia alta quanto a baixa são efetuadas sob sedação endovenosa que não deixa o paciente sentir dor ou desconforto. A respiração do paciente é normal durante o exame, e sua oxigenação é controlada através de equipamentos. A duração do exame de endoscopia digestiva alta é de 5 a 10 minutos e da baixa de 15 a 30 minutos, podendo prolongar-se em situações mais difíceis.


O que acontece após o exame?


Você será conduzido para a sala de recuperação, onde ficará repousando por 15 a 30 minutos, tempo suficiente para despertar completamente. Um familiar ou amigo deverá acompanhá-lo até a sua residência. Importante: não poderá dirigir ou tomar qualquer decisão ou atitude importante (por exemplo assinar cheques, documentos ou operar máquinas e equipamentos. O médico lhe dará um atestado para dispensá-lo do trabalho se for o caso. Poderá alimentar-se normalmente após os exames.


Como ficarei sabendo do resultado?


Os modernos serviços de endoscopia possuem unidades de captura de imagem, o que deixará seu resultado mantido em banco de imagens e imediatamente fornecê-lo a você (texto e fotos). Caso tenha havido coleta de material (análise de lesões, células, bactérias...), você terá de aguardar alguns dias para o resultado final (em média 3 a 5 dias úteis).


Dica útil


Procure clínica de endoscopia após informar-se com familiares ou amigos (uma indicação é sempre útil), além de certificar-se que o profissional possui qualificação, no caso, o título de especialista em endoscopia digestiva.

Fonte: http://www.abcdasaude.com.br/

Eita semaninha DIFÍCIL!!!

Esta semana não consegui fazer qq postagem, infelismente tive um probleminha de estômago, que atacou muito minha gastrite, e gente... um pigarro que me fez ficar 3 noites sem dormir... aff era hãhã o tempo todo, depois de uma consulta com o Gastro e outra com um Otorrino, o jeito foi tomar antibióticos e marcar uma endoscopia, que fiz hj pela manhã, estou me sentindo como se tivesse engolido um gato e puxado pelo rabo para sair da meu estômago...kkk dói tudo, o pigarro tbm deu uma melhora, talvez agora eu consiga postar alguma coisa.

Jinhos a todos e até mais.

Lili.

quinta-feira, 10 de março de 2011

CORDEL (BIG BROTHER BRASIL)




Big Brother Brasil

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria

Há muito tempo eu não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela globo
Visando ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que tem cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educacar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
Sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como o Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na Rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Poro HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econônica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.

Esse progama da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os 'heróis' protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critérios e sem ética
Em que a vaidade e a estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês estão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas as baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Neste mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educãção)
Vai contestar a valer.

A você Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junta poderosa Globo
Que conduz nossa nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar o fim
Desse Big Brothe vil
Que em nada contribuiu
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores
Seremos sempre enganados
E vamos ficar calados
Diante de enganadores

Barreto termina assim
Alertando o Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal...
Eleve seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal...
Autor: Antonio Barreto (Cordelista natural de Santa Bárbara - BA, residente em Salvador).

quarta-feira, 9 de março de 2011

Literatura de Cordel


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre



Literatura de cordel é um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome originado em Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste do Brasil, o nome foi herdado (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbante. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras (xilogravura é um processo de gravação em relevo que utiliza a madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado), o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.




Poema de Fernando Pessoa


Noutro dia estava assistindo a novela "O Clone" e o personagem Lobato (Osmar Prado) recitou um poema de Fernando Pessoa que eu não conhecia, porém lindo... o que me fez vir até a internet procurá-lo, não foi muito fácil, cheguei a muitos poemas (tbm lindos) de Fernando Pessoa, mas nenhum o que eu queria. Depois de muitas buscas encontrei! E para vc que tbm está a procura, ou que não conhece, aqui está ele... lindo, maravilhoso!
Abçs a todos!!!

Lili.



Na Noite Terrível
(Fernando Pessoa)



Na noite terrível, substância natural de todas as noites,
Na noite de insônia, substância natual de todas as minhas noites,
Relembro, velando em modorra incômoda,
Relembro o que fiz e o que poderia ter feito na vida.
Relembro, e uma angústia
Espalha-se por mim como um frio do corpo ou um medo.
O irreparável do meu passado - esse é que é o cadáver!
Todos os outros cadáveres pode ser que sejam ilusão.
Todos os mortos pode ser que sejam vivos noutra parte.
Todos os meus próprios momentos passados pode ser que existam algures,
Na ilusão do espação e do tempo,
Na falsidade do decorrer.
Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso - e foi afinal o melhor de mim - é que nem os Deuses fazem viver...
Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro
Se tudo isso tivesse sido assim
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.
Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,
Não virei e nem pensei em virar, e só agora percebo;
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas, claras, inevitáveis, naturais,
A conversa fechada cocludentemente,
A matéria toda resolvida...
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói.
O que falhei devéras não tem esperança nenhuma
Em sistema metafísico nenhum.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei.
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Enterro-o no meu coração para sempre, e o sossego me cerca
Como uma verdade de que não partilho,
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível para mim.